Ana Rosa, personagem de Mastigando Humanos. O Jacaré nutre por ela(e) e por seu Yakisoba, grande afeto.

sábado, 11 de setembro de 2010

PARA MENORES DE 18 ANOS: MASTIGAR HUMANOS É COISA DE SANTIAGO NAZARIAN.


Recentemente, li o romance Mastigando Humanos, do autor Santiago Nazarian(Nova Fronteira, 2006).
O romance conta a história de um Jacaré que,em busca de novas perspectivas sai de sua bucólica morada e vai parar nos esgotos de uma cidade grande. Seus melhores amigos; um sapo fumante, um cachorro sardento, uma lata de óleo chamada Santana e uma humana... bem... de estranhos hábitos alimentares - e ele, estão submersos em uma trajetória pelo submundo até que o simpático jacaré se depara com o seu destino de escritor.
Qualquer semelhança com a trajetória de Olívio e seus encontros estranhos num dia sem trabalho, não são mera coincidência.
O que ficou circunscrito para mim foi a ironia que o romance, bem como o O Prèdio, o Tédio e o Menino Cego, carrega na sua própria definição: Literatura Infanto-Juvenil.
Pelo menos ao meu parecer, os romances soam como respostas a uma crítica conservadora, que fez muitas objeções à não maturidade do escritor.
Beatriz Resende, em seu ensaio Santiago Nazarian e suas multiplas identidades, traz, além do dado da crítica, uma reflexão sobre a obra do escritor Lewis Carroll, autor de Alice no País das Maravilhas.(você, acha que esta é uma obra infantil?)
Lendo Mastigando Humanos,a sombria, erótica, turbulenta assinatura nazariana está tão evidente quanto em Olívio ou a Morte sem Nome.
De infanto-juvenil,só as figurações "biotípicas" das personagens, que num outro universo de acontecimentos, poderiam ser consideradas "fofas". Esta reconfiguração, este desvio ds signos, é que dá à obra de Santiago um carater semelhante à obra de Lewis Carroll, que, se lida com direcionamento, demonstra ser ácida e feroz crítica ao contexto da rainha Vitória, na Inglaterra.
Para se deparar com o estranho mundo de assombrações (em compleição e conduta),Alice cai num buraco, direto para um mundo subterrâneo. Também num mundo subterrâneo está Frank Sinatra, o Jacaré, que para contar-nos um mundo também de assombrações (politicas, éticas, de compleição e condutas, ou mais, dos prórios insights), torna-se escritor, como Lorena, Olívio, Lusiânia, Thomas e Santiago Nazarian.